RE/Max prepara estreia no País

O crescimento sustentável do país e as iniciativas do governo para recuperar o crédito para a habitação, prejudicado pela crise financeira, atraíram empresas internacionais interessadas em investir no Brasil. Com tais fatores favoráveis, o setor é um dos mais novos a entrar no sistema de franquias no País, segundo dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF).

Atualmente, apenas 13 empresas estão listadas no segmento de Construção e Imobiliárias da ABF, sendo que três atuam na intermediação imobiliária. Uma delas é a empresa americana recém-chegada, RE/MAX, presente em 78 países, com mais de 100 mil corretores e 615 franquias.
A meta da empresa é abrir até dezembro do ano que vem 100 agencias no Brasil. Desse total, 20 serão instaladas no Rio de Janeiro.

A master franquia brasileira é uma empresa privada administrada pelos sócios Renato Teixeira, Paulo Toledo, Luis Carlos Julião e José Luiz Monteis, empresários, que estão investindo R$10 milhões para trazer a marca para o País.
Segundo o presidente da RE/MAX Brasil, Ricardo Teixeira, o setor imobiliário nacional está se preparando para acompanhar este crescimento.

"Estes fatores tornam o País um porto seguro para investimentos de redes internacionais. Só na 18ª ABF Franchising Expo, realizada entre 17 a 20 de junho, participaram oito redes norte americanas interessadas em encontrar parceiros e investidores no País", frisa.


Foco.
O vice-presidente da RE/MAX Brasil, Paulo Toledo, afirma que, no resto mundo, 70% dos negócios imobiliários são feitos por meio da franquia. "Aqui, nosso foco é Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador. O plano é entrar em funcionamento em janeiro de 2010. A expectativa é que em cinco anos a rede de franquias da empresa no país atinja um volume de vendas de R$ 12 bilhões. A operação dividirá o Brasil em sete regiões, e pretende encontrar pequenos imobiliários e converte-los para o sistema de franquia", acrescenta.


Otimista, o vice-presidente da RE/MAX Brasil conta que David Liniger, fundador da empresa, considera o Brasil a menina dos olhos do mercado imobiliário mundial, juntamente com Índia, Rússia e China. As negociações, segundo Toledo, foram rigorosas para a venda da master franquia brasileira. "Para Liniger, não havia pressa, desde que encontrasse os parceiros certos", explica. A RE/MAX foi fundada em Denver, no Colorado (EUA), por Dave e Gail Liniger, em 1973, período marcado por graves problemas econômicos provocados pela crise mundial do petróleo. Desiludido com os rendimentos como corretor nos Estados Unidos e no resto do mundo, Liniger observou que boa parte das imobiliárias não era rentável devido ao custo operacional e incapacidade de reter talentos na área de vendas. Pensou então numa rede de negócios, com uma forte estratégia de marketing e apoio aos corretores, para atrair os melhores talentos.

A expansão foi baseada na criação de um sistema de franquias, dando aos pequenos empreendedores a oportunidade de criar seu próprio negócio, com o apoio de uma estrutura consolidada e foco de atuação, no caso o mercado de imóveis usados/terceiros.


Capital.
A pré-venda das unidades regionais já começou, e contratos foram fechados para as regiões da Bahia, Sergipe, Espírito Santo, Goiás, Tocantins, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo. As vendas das novas franquias e a conversão de imobiliárias já existentes nas suas regiões serão feitas pelas master regionais. Para adquirir uma master regional, o candidato deve ter capital entre R$ 400 mil e R$ 1 milhão, dependendo do mercado em que pretende atuar.
No Rio de Janeiro e Espírito Santo, os sócios da master regional são José Américo Huertas, Eduardo Netto e Roberta Netto. Teixeira contra que estudava há dois anos a entrada da empresa no País. Junto com as vendas de franquia, a empresa lançará uma Universidade RE/MAX, com objetivo de treinar corretores de imóveis Os franqueados vão pagar taxa mínima pelo uso da marca e a expectativa de retorno sobre o investimento para o franqueado é de 18 a 24 meses. O preço da taxa de franquia será a partir de R$ 25 mil , sem incluir custos de instalação.

"A RE/MAX a-tua com foco na padronização da marca, treinamento, qualidade de atendimento e gestão", explica Paulo Toledo. O perfil ideal do franqueado são pessoas que já atuam no setor, com negócio próprio e que queira juntar-se a uma rede de negócios, ampliando seu potencial de ação; pessoas que tenham espírito empreendedor, e também quem procura um novo negócio.


A volta por cima do setor

O estouro da bolha imobiliária nos Estados Unidos desencadeou uma onda de desconfiança no mercado, já no fim de 2007, quando os primeiros sinais começaram a aparecer, na forma da quebra de agentes financeiros que negociavam ou garantiam empréstimos e hipotecas habitacionais com alto risco de inadimplência - as subprimes.

"Essas quebras, por outro lado, deram-se muito mais pela facilidade com que o setor bancário emprestava dinheiro, tendo como garantia imóveis dos tomadores, do que por uma suposta oferta excessiva de imóveis", explica o advogado e consultor Carlos Alceu Machado, da Qualis Consultoria.


A já esperada retração da economia americana levou aos calotes em série, que resultaram em execuções de hipotecas dos devedores. O grande volume de imóveis retornados ao mercado pelos bancos, aliado ao fato do setor imobiliário sobrevalorizado, como acontece em qualquer nação de economia superaquecida, explica o consultor, fez com que houvesse uma reação em cadeia descendente.

Os ricos retraídos, uma classe média sem recursos para investir e oferecimento excepcional de imóveis usados (e caros) resultaram no inchaço e na explosão da bolha.
O problema no mercado imobiliário, pontua Machado, não foi causa da crise, mas conseqüência. Inundado por imóveis cujo valor inicial já não se mantinha, inesperadamente repostos à venda, o mercado viu-se sem compradores, e, com a lei da oferta e da procura ainda vigorando, os preços venais começaram a cair, deixando o sistema financeiro dos EUA ainda mais a descoberto, sem garantias dos seus haveres (aqui, chamamos isso de "créditos podres"). O governo federal obrigou-se a injetar um montante superior a US$ 1 trilhão nas instituições bancárias para evitar o mal maior: a falência generalizada do sistema. Em vez de trazer prejuízos ao Brasil, a situação fez com que muitos investidores do Primeiro Mundo desembarcassem seus recursos no País, cuja estabilidade econômica e bom desempenho financeiro - passando da condição de devedor inadimplente para a de credor do Fundo Monetário Internacional - já vinham sendo destacados internacionalmente.

Tal circunstância, associada à decisão do presidente Lula de implementar um vasto programa habitacional subsidiado para as classes C e D e de abrir os cofres para financiamentos destinados à classe média, fizeram com que o mercado imobiliário brasileiro passasse a viver um certo boom, conquanto bem controlado e com riscos absolutamente normais. Não é à toa, pois, que o noticiário especializado e os cadernos de classificados imobiliários dos jornais mostram um contínuo crescimento na compra, venda e locação de imóveis novos e usados.



Para o consultor Eduardo Lima, da NPI - Negociação Personalizada de Imóveis, o otimismo no setor imobiliário no Brasil é grande. Os números positivos mostram que o setor sofreu muito pouco com a crise mundial. Aqui, afirma o consultor, é o lugar para se investir. Segundo Lima, o setor imobiliário crescendo acima da média foi um dos fatores contribuíram com esse resultado positivo do Brasil mediante a crise.
"Estávamos em pleno "boom imobiliário" quando a crise aconteceu, tanto que estava faltando mão de obra na construção civil.

A política diferenciada de financiamento bancário trouxe segurança aos bancos, e os incentivos financeiros do governo às classes mais pobres manteve aquecidos os motores no setor, refletindo também nos imóveis de médio e alto padrão. Com a soma desses fatores positivos, o mercado teve apenas uma pequena retração, voltando a acelerar novamente no inicio do segundo semestre", analisou.
Como o País se comportou positivamente diante da crise mundial, houve continuidade de entrada de capital de grandes investidores no setor imobiliário. De olho nesse momento positivo do mercado imobiliário do Brasil, empresas estrangeiras como a RE/MAX e a Century21, que já atuavam em outros países como franquias intermediadoras de negócios, chegaram ao País. Elas estão apresentando e apostando num padrão já formatado para conquistar o mercado brasileiro e concorrer com empresas nacionais, que também já haviam atentado para o sistemas de franquias.

Fonte: Jornal do Commercio e ADEMI-RJ

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