Casas de menor custo, com materiais criativos

O crescimento da construção civil, impulsionado pelos programas oferecidos pelo Governo Federal e a proximmidade de eventos como a Copa do Mundode 2014 e as Olimpíadas de 2016, leva o setor a investir em novos projetos, para atender a demanda. Um dos segmentos que vêm ganhando força é da habitação sustentável.


Motivados por questões ambientais e as recentes necessidades de se repensar o processo de construção civil, arquitetos, engenheiros e demais profissionais do ramo desenvolvem produtos ecologicamente corretos, que prometem suprir as necessidades do morador sem agredir o meio ambiente.


Desenvolvido pela Royal do Brasil Technologies SA, a Casa de PVC é integralmente elaborada em plástico PVC, com módulos de duplo encaixe de 64mm a 150 milímetros de espessura. Estes são montados verticalmente, contendo todos os perfis de montagens e podendo ser preenchidos com diversos materiais, inclusive concreto. É garantida resistência térmica, acústica e mecânica, adaptável a todos os tipos de projetos. As paredes não necessitam de revestimentos, pinturas ou tratamentos para manter a garantia de 20 anos, mas ainda assim aceitam pinturas e revestimento, de acordo com a preferência do morador. A superfície dos painéis apresenta proteção contra a ação de raios UV, evitando a alteração da cor. O sistema pode ser utilizado para construção de residências e prédios de até cinco pavimentos.

Economia - A construção em PVC reduz em até 97% desperdícios e entulho, além do que diminui em 75% a mão de obra. Para o morador também existem facilidades, como a possibilidade de lavar as paredes do imóvel em caso de pichação, além do alto nível de isolamento térmico e acústico.
Para se fazer uma casa popular, por exemplo, são necessários quatro operários, e a obra fica pronta em aproximadamente dez dias.

O imóvel tem dois quartos, sala, cozinha e banheiro, com área útil de 38,11 metros quadrados.
Na construção de mil casas com 40,5 metros quadrados - a dimensão exigida no programa "Minha casa, minha vida" -, a economia de água durante as obras, em comparação ao sistema convencional, é de aproximadamente 6,9 milhões de litros. Equivale a um dia de consumo de uma cidade com 39 mil habitantes, segundo levantamento da Royal.

A Eurobravin desenvolveu um método de construção por módulos metálicos em aço. Com 41,4 metros quadrados, toda a sua estrutura é como um contêiner, em aço galvanizado com alumínio e o interior totalmente revestido com blocos de gesso especial, resistente à água.
O projeto "Bela Morada" consiste em uma casa de dois quartos, banheiro, sala, copa e cozinha. A residência conta com rebaixamento de gesso com sanca, telhado colonial, piso cerâmico e banheiro revestido até o teto.

O custo do imóvel é de R$ 38 mil.
"Esta tecnologia já está sendo desenvolvida há quase cinco anos e tem se aperfeiçoado no decorrer do tempo", esclarece o gerente comercial da Eurobravin, Wallace Bertholdi de Laia. Natureza - A arquiteta e diretora da Escola de Bioarquitetura e Centro de Pesquisa e Tecnologia Experimental em Bambu (Ebiobambu), Celina Llerena, desenvolveu a casa de bambu. O projeto residencial usa essa matéria-prima em toda a estrutura, além de outros materiais.

A escolha garante um imóvel mais barato e de rápida construção.
"O bambu é o principal material; evitamos gastos desnecessários com fôrmas de madeira, o que torna a obra mais barata e mais rápida", comenta Celina Llerena. Além do bambu na cobertura, as conexões são feitas com ferros, e o bambu é preenchido com areia, cimento e cal. Os tijolos são substituídos por esteiras e materiais flexíveis. "Na cobertura, colocamos uma tela emboçada com uma camada de 4 centímetros, e por cima inserimos uma manta presa às extremidades (como uma laje). Depois da manta, colocamos uma espessura de 6cm a 7 centímetros de terra e, finalizando, aplicamos os rolos de gramas e arranjos com bromélias e outras plantas que tenham raízes rasas", explica.

Professor vê risco de transformação dos projetos Apesar dos esforços pela elaboração de projetos sustentáveis e economicamente mais acessíveis, que agridam em menor escala o meio ambiente, o diretor da Escola de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense (UFF), Gerônimo Emílio Almeida Leitão, alerta para os cuidados com as soluções alternativas frente às necessidades sociais. "O mais importante é avaliar o desempenho que essas estruturas podem oferecer. Principalmente em construções de caráter popular, é muito comum a padronização dos imóveis, sobretudo em regiões mais carentes", destaca.

De acordo com Gerônimo, após a entrega do imóvel, o morador costuma ampliar a estrutura e, sem as condições necessárias, esta é completamente modificada, perdendo-se conceito original. "Em projetos sociais há implantação de empreendimentos com perfil sustentável, por valores mais baixos. Entretanto, ao longo dos anos esses imóveis são modificados, devido ao aumento da família, ou como subsídio de locação. Como os moradores não compreendem os critérios utilizados na obra e, devido à dificuldade de acesso aos materiais que compõem o projeto, o conceito original é totalmente transformado", avalia.

Há também preconceito social, que surge a partir da padronização e do pequeno tamanho das construções.
"O material precisa ser feito pensando no morador, além de contribuir para o meio ambiente. Projetos elaborados de forma padronizada denotam a impossibilidade daquele morador ter acesso à arquitetura. Absolutamente todas as casas são iguais, resultando numa forma de exclusão, que futuramente acarretará na insatisfação do proprietário. Então, ele aproveitará o terreno, modificando a construção completamente", conclui.

Fonte: ADEMI-RJ e O Fluminense

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