8ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo

Uma Bienal experimental, marcada por muitas mudanças. Tudo começou quando o então presidente do IAB, arquiteto Joaquim Guedes, falecido em julho de 2008, num processo de revisão e questionamento da estrutura das bienais anteriores, manifestou sua opinião a respeito: o evento precisa ser mais democrático, abrangendo profissionais de todo o Brasil. Guedes também considerou que as salas especiais deveriam ser eliminadas. "Atendemos a esses dois pontos em homenagem ao Guedes", afirma a presidente do IAB-SP, Rosana Ferrari.

Assim, a 8a Bienal Internacional de Arquitetura finalmente se realiza e traz um novo formato a ser julgado pelo público. Aliás, esse é o alvo dos organizadores - o público leigo. "Queremos aprender a fazer a Bienal para que o público leigo possa entender o que é arquitetura, para que serve, o que se pode esperar da arquitetura", declara a arquiteta Rosana Ferrari.

Depois de muitas dúvidas e crises, chega-se ao que podemos chamar de "bienal do aprendizado". Tanto o conteúdo do evento hoje apresentado quanto seus bastidores podem ser classificados de, no mínimo, diferentes. Houve muita incerteza a respeito da própria realização da Bienal e por pouco ela não ocorre.

Em primeiro lugar, devido ao local (sempre aconteceu no pavilhão de exposições do Parque Ibirapuera de São Paulo) e este ano, a própria Fundação Bienal encontrava-se em fase conturbada de divergências internas e demorou muito para liberar o espaço para a 8a BIA que normalmente faz parte do calendário de eventos do local.

Os problemas não ficaram somente na questão do espaço físico. Ao contrário, eles se desdobraram em desentendimentos internos no IAB, o que pode se refletir no resultado da mostra. Posteriormente, a decisão de terceirizar os serviços burocráticos (captação de patrocínios pela lei Rouanet, recepção de estrangeiros, alfândega, hospedagem etc.) com a contratação da empresa Apo Soluções, considerada oportuna por todos, acabou por desencadear o afastamento do curador geral do evento, o arquiteto Bruno Padovano, eleito por unanimidade pelo Cosu (Conselho Superior do IAB). "Começamos o trabalho com um curador, mas o volume de atribuições foi enorme e houve conflitos com a empresa, cuja contratação mostrou-se necessária a partir de experiências anteriores, quando todos quase enlouqueciam com a organização da Bienal", esclarece a presidente do IAB-SP.

Passada a tormenta, os preparativos prosseguiram sem o curador geral, porém com o projeto que ele idealizou para a Bienal. "O Bruno é o autor da Bienal, sua concepção foi seguida à risca e é excelente", assegura Rosana Ferrari que, mesmo com a renúncia do arquiteto, manteve seu nome como curador cultural, além de nomear vários coordenadores para as diversas áreas do evento.

A um custo de 2,5 milhões de reais, a 8a BIA segue seu curso com o tema Ecos Urbanos, criação de Bruno Padovano que pensou, de início, somente na sustentabilidade. Mais tarde, após alguns questionamentos, surgiram os subtemas Espacialidade, Conectividade e Originalidade, somando-se a Sustentabilidade. A ideia é discutir a qualificação de áreas degradadas em centros urbanos a partir de megaeventos, usando, para isso, a Copa de 2014, a ser realizada no Brasil, que ganhou um espaço de 600 m² na Bienal, um dos grandes destaques do evento.

Cada um dos quatro subtemas ocupa um andar do pavilhão. Assim, Espacialidade está no térreo, pavimento onde também estão patrocinadores, livrarias e editoras, além de um espaço exclusivo do IAB. Conectividade ocupa o primeiro piso, após a rampa de acesso, com exposições do governo do Estado de São Paulo, Secretaria Estadual da Cultura, Programa Monumenta e Expo São Paulo. No segundo piso, Originalidade traz a exposição internacional de projetos que concorrem a prêmios e menções honrosas. Entre os países participantes, figuram a França com a exposição Generocité, Portugal com a mostra Cinco Áfricas/Cinco Escolas, a Alemanha com Cidade para Todos e Holanda com Arquitetura e Consequência. O tema Sustentabilidade e a Exposição Geral de Arquitetos, com projetos de 120 profissionais brasileiros, ocupam o terceiro piso.

Muitas outras atividades estão acontecendo durante a Bienal, que se realiza até 6 de dezembro. Como o Fórum de Debates, coordenado pela arquiteta Nadia Somekh, que reúne arquitetos estrangeiros e brasileiros em mesas-redondas e palestras.

Essa poderá ser uma oportunidade importante para troca de experiências capazes de proporcionar às populações das grandes cidades soluções para seus problemas. "A arquitetura é a relação do homem com o espaço onde ele vive, por isso ela precisa estar ao alcance de todos e nós, arquitetos, temos uma grande responsabilidade em fazer com que a qualidade de vida seja a melhor possível", conclui Rosana Ferrari.

Confira reportagem completa com os projetos de destaque clicando aqui.




Fonte: Arquitetura e Urbanismo

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