Cidade pequena vira opção para construtoras

O mercado da construção foi pego de surpresa sobre a inclusão das cidades com menos de 50 mil habitantes no programa federal "Minha Casa, Minha Vida" (PMCMV), cuja formalização aconteceu com a publicação do Decreto n. 6.962, há uma semana. Conforme o Decreto, o Governo Federal, por meio da administração dos recursos pelo Ministério das Cidades, destinará ainda o subsídio de R$ 1 bilhão para esse perfil de cidades, pelo PMCMV. Conforme dados de 2009 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o território nacional possui 4.976 cidades com menos de 50 mil habitantes.

De acordo com a Caixa Econômica Federal (CEF), um dos pontos do novo decreto é que o recurso, administrado pelo Ministério das cidades, será distribuído para outras instituições financeiras, além da CEF e do Banco do Brasil (BB), por leilão. Portanto construtoras e prefeituras deverão correr atrás das instituições vencedoras desses pregões.

Especializada na construção de unidades econômicas, a Tenda informou que, tendo conhecimento da inclusão do grupo de municípios ao PMCMV, dará início aos estudos de viabilidade para atuar nessas cidades. Já a Camargo Corrêa, representada na construção para o segmento econômico residencial pela HMengenharia, cujo foco é o Estado de São Paulo, afirma que a atuação do grupo nessas cidades ainda é objeto de estudos.

Sobre o interesse de atuar nos municípios, a Camargo Corrêa informou que aguardará a divulgação das condições do programa, como os limites de financiamento da Caixa e as contrapartidas da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) de São Paulo.

Para o diretor de Incorporação da Bairro Novo, Daniel Ruman, é necessário haver margem de lucro para enfrentar uma obra nas pequenas cidades. "Eu escutei comentários que os imóveis para essas cidades, quando aprovada a inclusão no programa, teriam valor mais baixos. Se isso se realizar, não existiria margem para construção em grande escala."

A Bairro Novo é a empresa responsável pelas obras residenciais econômicas da Odebrecht. Sua produção é feita em grande escala, com a construção de, no mínimo, 1.000 edificações. Ruman afirma que a empresa pretende atuar no grupo de cidades "quando for viável".

"Temos de levar em consideração as nossas diretrizes de construção, pois não vamos atuar em cidades em que não possamos construir menos que o nosso mínimo", destaca.

O executivo observa, por outro lado, que um ponto abre o caminho para a Bairro Novo atuar em algumas dessas cidades. "Como a Odebrecht atua em algumas regiões [dos pequenos municípios] com engenharia e construção pesada. Isso melhora o nosso caminho", pontua.

"Será necessário avaliar quais serão os incentivos do Governo Federal oferecidos para as empresas do setor da construção", destaca Ruman. Ele enfatiza que é menos provável a existência de um déficit habitacional interessante, para as grandes construtoras, de famílias entre 3 e 10 salários mínimos.

Contrária
Uma das líderes do setor de empreendimentos para o segmento de baixa renda, a MRV afirmou ao DCI que por enquanto não atuará nas cidades com menos de 50 mil habitantes. A empresa, por meio de nota, afirma não construir em municípios com menos de 200 mil habitantes. Aos questionamentos sobre os motivos de não atuar nesse grupo de cidades, a MRV, por nota, alegou não poder atender porque o representante responsável estava fora do País.

Cidades
Muitos municípios do interior do País, apesar de serem menores, têm grande importância na economia de seu estado. Além de estarem próximos de regiões que são polos agrícolas ou industriais, essas regiões começam a se destacar no cenário nacional. Exemplos são as cidades de Jales e Piedade (SP) e Guaxupé (MG), que, conforme o IBGE, estão entre as 10 mais próximas dos 50 mil habitantes. Jales, com 49.996 moradores, o déficit habitacional calculado pelo Fundo Social e de Solidariedade é de 5.000 moradias.

Piedade, com 49.508 habitantes, a Secretaria Municipal de Habitação informou que o déficit é de 4.100 edificações. O presidente da Empresa Municipal de Urbanismo de Guaxupé, Luiz Henrique Marques, vê no cadastro da cidade, com 49.719 habitantes, pedidos de 2.400 moradias.


Fonte: DCI

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