Reformar está até 13% mais caro

Embora a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de parte dos materiais de construção, em vigor desde abril, tenha impacto positivo sobre os preços do setor, o consumidor que precisar de itens que ficaram fora da lista, como janelas, portas de ferro e telhas, pode encontrar valores “salgados”, com altas que chegam a 13%. O principal motivo foi o aumento das matérias-primas e outros componentes, que inflacionaram os custos de produção.

A elevação foi registrada pelo Índice de Custo de Vida do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioconômicos (ICV-Dieese), que mede a inflação na capital, no período entre janeiro e novembro. Dos 16 produtos analisados, seis deles tiveram alta acima do índice geral de inflação do período, que foi de 3,97%.

No grupo há quatro produtos que tiveram a alíquota do IPI reduzida a zero, mas destes apenas o preço do cimento teve recuo no período, com queda de 7,2%. O chuveiro elétrico subiu 2,72%, o grupo de tintas comuns ficou mais caro 0,98% e tintas látex, 0,57%.

Cláudio Conz, presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), afirma que os aumentos mais expressivos se concentraram nos itens que levam metais na composição, caso de janelas, portões e portas.

Ele explica que entre o fim de 2008 e a metade deste ano, o preço internacional da tonelada do cobre subiu de US$ 3 mil (cerca de R$ 5,3 mil) para US$ 7 mil (cerca de R$ 12.390), em valores atuais, o que teve forte impacto nos custos de produção.

A respeito do maior aumento registrado na aferição do ICV, no grupo telhas de cerâmica, que subiu quase 13% entre janeiro e outubro, Conz afirma que os custos de produção aumentaram, principalmente pela alta do gás. Ele observa que o reajuste foi de quase 60% entre o fim do ano passado e agosto de 2009. “O gás é quase um terço do custo de produção dos produtos de cerâmica.”

Segundo Conz, o regime de substituição tributária do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), em vigor no setor desde abril, também fez com que os preços do varejo aumentassem 6,5%, em média. Pela regra, o imposto passou a ser recolhido todo pela indústria, que repassou o encargo aos preços de venda para o varejo.

MÃO DE OBRA - Na avaliação de Melvyn Fox, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), os aumentos são isolados. “Nossas estatísticas indicam, na média, preços em queda.” Ele atribui alguns reajustes à elevação de custos de produção, com o aumento de insumos como o gás e também da mão de obra. Segundo o ICV, entre janeiro e novembro este item subiu 6,6%.

Segundo Fox, os aumentos não têm nenhuma relação com falta de capacidade da indústria para atender à demanda do varejo. “As empresas ainda estão com cerca de 15% da capacidade de produção ociosa”, diz.

Além disso, informa Fox, levantamento feito pela Abramat em novembro apontou que 60% das empresas do setor pretendem investir para o aumento da produção em 2010 ante 33% da medição realizada em agosto.

José Eduardo Balian, professor de varejo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPN), lembra que a demanda do setor manteve-se aquecida mesmo na crise, com incentivos do governo por meio de linhas de crédito e, depois, com a redução do IPI.

Nuno Fouto, professor do Programa de Administração do Varejo da Fundação Instituto de Administração (Provar-Fia), atribuiu o aumento de alguns itens à demanda aquecida. “O setor foi impulsionado principalmente pelos consumidores de baixa renda”, diz.

A mesma opinião tem Fábio Romão, economista da Consultoria LCA. Ele também lembra que a melhora das condições de crédito ajudaram a impulsionar a demanda o que teve reflexo direto em alguns preços.

Fonte: Zap Imóveis e Jornal da Tarde

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