Construtora menor reduz projetos e foca classe média

As empresas pequenas e médias de capital fechado seguiram exatamente o mesmo caminho das gigantes com ações em bolsa. Cancelaram lançamentos e concentraram-se na venda de estoques em 2009, mas ainda assim devem terminar o ano com resultados acima de 2008.

Com crédito mais caro e escasso no início do ano, construtoras tradicionais como Bueno Netto, Luciano Wertheim e Stan só colocaram produtos novos no mercado nos últimos três meses. Para se distinguir, apostam em terrenos e projetos diferenciados, mas, mais uma vez seguem a cartilha das grandes ao migrar para produtos mais baratos, para a classe média, e salas comerciais.

Apesar de caminhar na direção dos imóveis econômicos, essas empresas sabem que não têm experiência, nem escala, para entrar na disputa pelo Minha Casa, Minha Vida. Testes nesse segmento ainda são restritos e as iniciativas ficam para o próximo ano, de preferência com parceiro maior.

A Stan, incorporadora que fez associação com o fundo Bramex Realty - que reúne três investidores mexicanos do antigo Banamex e a holding Monte Cristalina, dona de Hipermarcas -, lançou três empreendimentos este ano, todos a partir de agosto. "O pior está 75% escriturado", diz o diretor comercial da construtora Stan, Stefan Neuding Neto. A compainha, que sempre focou na alta renda, não pretende entrar no programa de habitacional do governo, mas está descendo um degrau e vendendo produtos para a classe média. "Para entrar no Minha Casa, Minha Vida precisa gerar muito volume e focar só nesse mercado", diz.

A Bueno Netto escolheu o segmento comercial para os três lançamentos que fez este ano, inclusive com lajes maiores (de até mil m²) - também concentrados no segundo semestre. "Nos primeiros seis meses sentamos e esperamos para ver que direção o mercado ia tomar", diz Guilherme Bueno Netto. "Não colocamos nada na rua e vendemos estoques". Em 2010, a empresa pretende estrear no Minha Casa, Minha Vida em projeto na Barra Funda, em parceria com a Tenda, e na Guarapiranga, bairros na capital paulista.

Na Luciano Wertheim, que atua em São Paulo há 60 anos, os dois lançamentos do ano foram feitos há menos de um mês. "As vendas estão indo muito bem", diz Ely Wertheim, diretor da companhia. Sem produtos novos, vendeu quase tudo que tinha na "prateleira". "Conseguimos escoar 80% do que tínhamos, sobretudo a partir de maio", afirma Wertheim, que estima crescimento de 35% no faturamento este ano. Em 2010, depois de 20 anos sem lançar salas comerciais, ela volta ao segmento.

Os números divulgados pelo Secovi-SP confirma a trajetória tanto das pequenas e médias, quanto das 18 compainhas de capital aberto. De janeiro a outubro, os lançamentos somaram 19.986 unidades, queda de 38% em relação ao mesmo período do ano passado. As vendas somaram 27.558 unidades, queda de 6,3% em relação ao mesmo período do ano passado. As vendas superiores aos lançamentos indicam a queima de estoques das companhias, que agora precisam voltar a lançar para crescer em 2010. "Novembro e dezembro são meses de muitos lançamentos, principalmente das abertas", afirma Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi.

De acordo com Petrucci, o programa Minha Casa, Minha Vida e a disponibilidade de financiamento - com aumento de limite do valor do imóvel de R$350 mil para R$500 mil para a concessão de financiamento e a ampliação do prazo das linhas de crédito para 30 anos - mudou o perfil do mercado. Houve uma redução de 26,5% nos lançamentos de apartamentos de quatro dormitórios, a febre de 2007 e 2008, e um aumento de 32,7% no de dois dormitórios.

No começo do ano, a Esser - exceção entre as empresas fechadas - fez um dos únicos lançamentos de um e dois dormitórios (um produto mais sofisticado) na cidade de São Paulo durante a crise e vendeu 100%. A empresa deve crescer 25% este ano e atingir R$ 300 milhões em vendas, com 600 unidades lançadas.


Fonte: Valor Econômico

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