Juro menor valoriza cota imobiliária

A redução da taxa básica de juros e a consequente caça a alternativas de investimento mais rentáveis pelos brasileiros têm contribuído para a valorização das cotas dos fundos de investimento imobiliário negociados na Bolsa de Valores de São Paulo. Dentre as carteiras mais negociadas, há casos em que o avanço das cotas acumulado neste ano chega perto de 50% - próximo do registrado pelo Ibovespa, o principal índice de ações da Bolsa paulista. “O desempenho é espetacular”, afirma Sergio Belleza, dono da Fundo Imobiliário Consultoria de Investimentos.


O aumento da procura pelos fundos imobiliários está relacionado com a distribuição de rendas aos cotistas que, em muitos casos, proporciona uma rentabilidade mais alta que a obtida nos produtos comuns de renda fixa. Explique-se: nos moldes tradicionais, tais carteiras direcionam os recursos dos investidores a empreendimentos imobiliários, como prédios comerciais ou shopping centers, visando a obter ganhos com a locação ou arrendamento de salas. A receita dos aluguéis, após o desconto das despesas, “cai na conta” dos investidores todo mês. Mal comparando ao mercado acionário, a renda distribuída pelos fundos imobiliários se assemelha aos dividendos pagos pelas empresas a quem detém seus papéis. Já a pouca liquidez das carteiras imobiliárias – a baixa quantidade de negócios na Bolsa – lembra as ações small caps.
Há riscos a considerar. Além da possibilidade de desvalorização das cotas – o que aconteceria caso o cenário econômico se altere e os juros subam, exemplifica Belleza –, há chance de as salas do imóvel ficarem desocupadas, como ocorreu com o fundo Projeto Água Branca, da Coinvalores. Em 2003, foram alugados apenas cerca de 20% das torres principais do empreendimento em que investe, em São Paulo. “Os cotistas ficaram sem receber rendas por um ano e meio. Hoje os prédios estão todos alugados”, conta Telles. A vantagem do fundo, frente ao imóvel físico, é o fato de o cotista virar dono apenas de parte do empreendimento, pondera Telles. “Se um andar for desocupado, não é seu andar, e sim o andar de todos.”


No final do ano passado, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) editou a instrução 472 que permite aos fundos imobiliários incluir na carteira ativos financeiros ligados ao setor, como Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), cotas de outros fundos imobiliários e até ações de empresas do ramo. Mas espera-se para logo, segundo Fass, a sanção de uma medida provisória pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva que esclareça questões tributárias relacionadas a essa novidade. A promessa é de que CRIs e outros ativos financeiros fiquem livres de Imposto de Renda. “A norma da CVM possibilitou novos investimentos, mas o entendimento sobre a tributação não ficou claro”, afirma Fass. Na Rio Bravo, a expectativa é de estruturar novos produtos assim que a medida provisória efetivamente saia.

Fonte: Agência Estado

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